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Diego Armando Maradona: o adeus do astro mais brilhante de toda a constelação

  • Foto do escritor: Fábio Lopes
    Fábio Lopes
  • 26 de nov. de 2020
  • 6 min de leitura

Fotografia: Agence France Presse - Getty Images

A chama do génio inigualável, Diego Armando Maradona, “extinguiu-se”, ao fim de 60 anos de vida. Tornou-se para muitos o mais humano de todos os deuses, evangelizando o mundo do futebol. Porém, El Pibe não resistiu a uma “insuficiência cardíaca aguda”, acabando por perder a vida, na sua residência, em Tigre.


O dia 25 de novembro amanheceu como todos os outros, mas acabou por trazer a notícia que nenhum amante do desporto-rei queria ouvir: a morte de uma das suas maiores lendas, Diego Armando Maradona.


Pouco mais de um mês depois de completar seis décadas, a 30 de outubro, o astro argentino despediu-se de nós, rumo ao Olimpo, onde sempre pertenceu. A notícia foi avançada pelo seu advogado e amigo, Matías Morla, segundo a agência espanhola EFE.


O corpo de Diego Armando Maradona foi autopsiado, esta quarta-feira e já foi conhecido um relatório preliminar. Segundo o jornal Olé, os peritos forenses apontam que a causa da morte tenha sido uma “insuficiência cardíaca aguda, num paciente com mio cardiopatia dilatada, insuficiência cardíaca congestiva crónica, que gerou um edema agudo do pulmão.”


No início deste mês, a 2 de novembro, o antigo futebolista deu entrada num hospital de Buenos Aires, devido a anemia e desidratação, apresentando igualmente um estado depressivo, tendo os exames a que foi submetido revelado a presença de um hematoma subdural, ao qual foi operado com sucesso. Contudo, o seu corpo acabou por sucumbir já bastante fragilizado, para tristeza de milhões de pessoas, ao redor do planeta.


A divindade que encantou o mundo


Há mil definições possíveis para sintetizar Maradona: as sensações que o seu talento transmitiu, toda a admiração que o seu brilho nos despertou… e todas as pessoas que com a sua magia enfeitiçou. O seu nome ficará, para sempre, gravado na memória e no coração de todos aqueles que tiveram o privilégio de se vangloriarem com a sua genialidade.


Controverso, explosivo, sublime. Marcante. Uma personalidade tão corrosiva como inconfundível, único na relação com a bola, a eterna companheira. Assim nos despedimos de Diego, mas jamais do seu legado, do seu futebol que nunca terá tempo ou idade. A sua omnipresença e omnipotência jamais conhecerá limites.




Com Maradona morre uma parte do futebol. Talvez a parte mais estética e artística que o jogo alguma vez conheceu. Morre um Homem que esteve sempre na vanguarda do desporto-rei, um Homem que viveu à frente do seu tempo. Consigo morre o futebol no seu estado mais puro. Foi com a alcunha de El Pibe D’Oro (menino de ouro, em português) que imortalizou o seu nome, nas páginas douradas da modalidade.

Do berço para os holofotes


Chamaram-lhe o “maior amigo da bola”. Diego Armando Maradona tomou o gosto ao futebol nos subúrbios pobres de Buenos Aires, longe de saber que um dia seria uma das maiores lendas a pisar as 4 linhas. Domou a bola como ninguém, levantou estádios e levou multidões à euforia, quase na mesma medida em que, nos últimos anos de carreira, alimentou as páginas dos jornais com escândalos e polémicas.


Entre a glória e a decadência, o “pelusa”, como era conhecido pelos amigos de infância, estreou-se aos 9 anos no Cebollitas e revelou-se aos 15 anos, no futebol sénior, ao serviço do Argentinos Juniors. Um pé esquerdo de habilidade sobrenatural e uma alegria de jogar contagiante eram as principais marcas de identidade. As suas exibições começaram a dar nas vistas e as assistências foram subindo a um ritmo indomável.


Seleção Alviceleste ao virar da esquina


Bastou-lhe um ano para chegar à seleção principal. Estreou-se em 1977 ao lado de nomes consagrados do futebol argentino, como Ardilles ou Gatti, numa partida contra a Hungria e foi pela mão de César Menotti que se tornou no mais jovem de sempre a vestir a camisola da seleção A, somente com 16 anos. Seriam prenúncios para um futuro recheado de títulos. Como se costuma dizer, o resto é história.



Fotografia: Diego Maradona Group

O seu talento rapidamente se tornou merecedor de palcos maiores e em 1981 transferiu-se para o colosso Boca Júniors e logo conquistou o seu primeiro título nacional. Consolidou-se no futebol argentino e aos 21 anos era já uma certeza e um Ídolo na América do Sul. Não demorou a granjear outros voos e chamou a atenção de toda a Europa. O Barcelona antecipou-se e conseguiu levar a melhor sobre a concorrência.


Por entre muitas lesões e até alguma controvérsia fora das 4 linhas, Maradona não foi muito feliz na Catalunha, conquistando apenas uma copa do Rei em 1983. Em terras espanholas esteve apenas 2 anos, até se mudar para Nápoles, onde se expressou na totalidade e apaixonou uma cidade por completo.




Dono e senhor da década de 80


Já em território italiano, Pelusa comandou os napolitanos numa subida a pulso, justificando a designação de melhor futebolista mundial. A segunda metade da década de 80 pertenceu-lhe por inteiro e o Nápoles, habituado a desempenhar papéis secundários na hierarquia do futebol transalpino, descobria-se capaz de ganhar o até aí inatingível scudetto, por duas vezes, e de conquistar a Taça UEFA em 1989. O astro argentino estava no seu auge e ia perfumando os relvados por onde passava, encantando o Velho Continente. Nos dias que correm, na grande urbe do sul da Itália, Maradona rivaliza com a Virgem Maria no número de altares nas ruas perdidas da Mergellina, bairro emblemático de Nápole.


O "10" incontestável da seleção argentina


Maradona afirmou-se, sobretudo, como o número 10 incontestável da seleção nacional argentina. Com a camisola azul-celeste, Diego Maradona escreveu alguns dos momentos mais fantásticos da história do futebol e marcou golos inolvidáveis. O mais marcante de todos aconteceu nos quartos de final do Mundial 1986, no México. No auge da sua arte, o argentino passou por seis defesas ingleses antes de atirar a bola para o fundo das malhas. Essa é a partida mais emblemática da lenda sul americana.




Este momento recordado pelos amantes do futebol, foi antecedido por outro, esse mais polémico, mas que figura como uma das imagens mais icónicas do futebol. Numa saída do guarda-redes Peter Shilton, Maradona ‘cabeceou’ para golo. Na verdade, o golo foi marcado com a mão, num momento que ficou conhecido para a eternidade como a “Mão de Deus”.






O início da decadência


A década de 90 marcou o declínio de Maradona. À exceção dos napolitanos, todos os italianos estavam contra ele. A FIFA também começava a dar sinais de incómodo perante o seu crescente protagonismo, que muitas vezes se confundia com uma arrogância alimentada pela toxicodependência e pela corte de oportunistas que nunca o largou.

Caminhou muitas vezes por trilhos sinuosos, ao lado do seu problema com a toxicodependência: acusou doping num jogo contra o Bari. No mesmo ano, foi preso por porte de cocaína em Buenos Aires. Depressivo, engordou e não conseguiu recuperar o seu futebol.



Fotografia: Agence France Presse

Onda de choque ao redor do mundo


A morte de Diego Armando Maradona chocou os amantes do futebol e provocou várias reações pelo mundo fora, desde antigos clubes a antigos adversários. Ninguém ficou indiferente a esta enorme perda:

A seleção da Argentina, que Maradona representou inúmeras vezes, também deixou uma mensagem emotiva.



Boca Juniors, clube do coração do pequeno mago, fez sentir o seu luto com um vídeo marcante.




O Nápoles, clube onde Maradona imortalizou o seu nome, despediu-se de forma sentida.




O River Plate, o maior rival do Boca Juniors, deixou uma imagem carregada de simbolismo que termina com o símbolo do infinito no lugar da data de morte, elevando desta forma Diego Armando Maradona à imortalidade.




Pelé, outro dos nomes que vai ficar nos livros da história do futebol, também dedicou uma mensagem a “um grande amigo” e deixou um desejo:



Muitas foram as homenagens feitas a Maradona. Desde Nápoles até à Argentina, ninguém ficou indiferente ao desaparecimento da lenda argentina. Foi decretado 3 dias de luto nacional no país das pampas, ao passo que o Nápoles está a ponderar alterar o nome do seu mítico estádio San Paolo em homenagem a Diego Armando Maradona.





O pé esquerdo fabuloso a açucarar todos os passes, a visão periférica incomparável e o talento inato maravilhavam o mundo do futebol. Encadeava adversários na mesma finta e corria como um louco, estivesse ainda nas calles de Villa Fiorito, na sua Bombonera ou em Camp Nou. Só parava com o golo e os abraços daqueles que levava às costas. Um barrilete cósmico que varreu para sempre a face do futebol. Obrigado por todas as jogadas surreais e verdadeiramente apaixonantes, foi um prazer!




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